De acordo com o Instituto Nacional de Câncer nos Estados Unidos, 72% a 95% dos pacientes com câncer que recebem tratamento apresentam aumento nos níveis de fadiga resultando em diminuição significativa na capacidade funcional, levando-os a uma perda muito grande da qualidade de vida.
O metabolismo de pacientes portadores de neoplasias sofre modificações drásticas devido ao estresse criado pela própria doença, como também pelos efeitos colaterais produzidos pelos tratamentos tradicionais realizados (cirurgia, quimioterapia, hormonioterapia ou radioterapia).
Os mecanismos fisiopatológicos propostos incluem anormalidade do metabolismo de energia relacionado ao aumento de exigência (devido ao crescimento do tumor, infecção, febre ou cirurgia); diminuição da disponibilidade de substratos metabólicos (devido à anemia, baixa oxigenação ou deficiência nutricional); ou produção anormal de substâncias que diminuem o metabolismo ou funcionamento normal dos músculos.
As combinações dessas modificações metabólicas podem ser associadas à depressão psicológica e à diminuição no apetite, fatores que levam os pacientes a iniciarem um ciclo vicioso de perda de massa muscular, diminuição nos níveis de atividade física, resultando em um estado de fraqueza generalizada (astenia).
A piora da fadiga é de 10 a 14 dias após o último tratamento. Em alguns pacientes a fadiga interfere na capacidade de realizar atividades de vida diária como tomar banho e se vestir, limpar a casa, fazer compras, subir escadas e nas atividades de trabalho normais, alterando a capacidade de concentração, a relação com outros e o humor.
O tratamento da fadiga oncológica tem por objetivo melhorar a capacidade cardiovascular, diminuir a gordura corporal em excesso, aumentar a resistência muscular, força e flexibilidade.
O tratamento farmacológico inclui antidepressivos, psicoestimulantes, corticosteróides e correção da anemia, no entanto, suas indicações devem ser avaliadas e prescritas pelo médico especialista, devido aos efeitos colaterais que estas drogas podem causar, podendo até aumentar a fadiga.
Outros tratamentos incluem psicoterapia para melhora das alterações cognitivas, melhora do humor e a correção dos distúrbios nutricionais e do sono.
Ao contrário do que se pensa, o descanso prolongado, em vez de ajudar, pode fazer o efeito contrário, piorando o quadro de fadiga, pois a inatividade física propicia um catabolismo muscular intenso.
A fisioterapia cria um programa de exercícios moderados de baixo impacto e aeróbicos leves personalizados, para aumento da capacidade funcional e da tolerância à atividade física. Podem ser realizadas caminhadas, esteira ou bicicleta ergométrica, hidroterapia, exercícios com pesinhos, alongamentos e relaxamento, e exercícios ventilatórios com técnicas específicas de reabilitação cardiopulmonar.
Os exercícios devem ser realizados de 3 a 5x na semana, de preferência diariamente, por pelo menos 30 minutos. Se o paciente não conseguir realizar 30 minutos contínuos, pode inicialmente fragmentar esse tempo várias vezes ao dia. Por exemplo 10 minutos pela manhã, mais 10 minutos no início da tarde e os 10 minutos restantes no fim da tarde.
Ainda, é necessário aconselhar os pacientes sobre estratégias para diminuição da fadiga, como técnicas de conservação de energia, lazer e manejo do estresse.
Todos esses fatores associados diminuem as alterações deletérias causadas no metabolismo, melhorando assim a saúde e a qualidade de vida dos pacientes e cria melhor expectativa no combate da doença.
Mas fiquem atentos, os exercícios devem ser realizados com supervisão especializada. Para isso procure fisioterapeutas especialistas em oncologia. Eles saberão prescrever os exercícios mais corretos para o seu caso!
Fonte: https://bit.ly/3qIpnrO