Na fase de seguimento após a cura, existe uma série de cuidados necessários para restabelecer uma vida normal do ponto de vista do estado nutricional, atividade física, emocional e social. O fato é que a grande maioria dos pacientes poderá sim retomar uma atividade profissional normal. A maioria poderá praticar atividades físicas sem qualquer problema, devendo, porém, passar por um processo gradual e bem orientado de retorno a esta atividade, muitas vezes sob orientação de um fisiatra e/ou fisioterapeuta.
Problemas psicológicos como ansiedade, depressão e insônia são frequentes, mas na grande maioria das vezes são corrigidos com a ajuda de um psicólogo, psiquiatra, medicações e principalmente com o tempo, que irá provar ao paciente que a doença é um problema passado.
Nesta fase após a cura do doente é que aparecem frequentemente preocupações quanto ao risco de outros parentes desenvolverem doença semelhante. Faz-se necessária neste momento uma orientação especializada por oncogeneticista, que poderá avaliar a necessidade de fazer testes genéticos, ou poderá descartar os riscos. Também são frequentes problemas relacionados à sexualidade (especialmente em homens tratados para câncer de próstata, mulheres tratadas de câncer ginecológico) e problemas de readaptação ao trabalho e à vida social como um todo. Embora a gravidade desses problemas varie muito de pessoa para pessoa (assim como as expectativas destes pacientes), esses problemas podem ser abordados pelos profissionais especializados, frequentemente com melhora significativa.
Nos últimos anos vem-se dando cada vez mais ênfase em tentar prevenir e tratar problemas que deteriorem a vida do paciente, paralelamente ao tratamento oncológico.
Neste contexto surgiram os programas de “survivorship” (tradução literal: sobrevivente). O foco destes programas é prover ao paciente tudo aquilo que se faz necessário (além do tratamento oncológico propriamente dito) para manter ou recuperar a qualidade de vida deste doente. Isto pode incluir fisioterapia, orientação nutricional especializada, acupuntura, orientação oncogenética, tratamentos com medicina complementar, tratamento psicológico entre outros.
Programas dedicados a estes cuidados estão sendo formados em nosso país. Sugiro ao paciente que acha que poderia se beneficiar de assistência nesta área que converse abertamente com seu oncologista, que muitas vezes poderá indicar profissionais em cada uma das modalidades de intervenção descritas acima (nutrição, fisioterapia, medicina complementar, etc..), resultando na melhoria da qualidade de vida.
Fonte: https://bit.ly/3b9IZNI